A força do digital
Um livro a respeito dos limites entre a privacidade e o acesso livre à informação, com toques de conspiração e uma boa história de mistério. Com um certo tom de “1984”, de George Orwell, o escritor Dan Brown nos leva ao mundo da “Fortaleza Digital”.
O autor de “O Código da Vinci” já havia publicado esse livro quando ficou famoso mundialmente e colocou como protagonista uma mulher, agente da Agência de Segurança Nacional dos EUA. Ficou curioso? Leia a extensão e saiba mais com Luciana Zulpo!
“Fortaleza Digital”, de Dan Brown
Tempo: para ler de um tiro só no final de semana | |
Finalidade: para ficar na ponta da cadeira | |
Restrição: sem contra-indicações | |
Princípios ativos: código, hacker, mistério, agencia secreta. |
A matemática Susan Fletcher passa seus dias na redoma enregelante do departamento de criptografia da NSA – a Agencia de Segurança Nacional estadunidense. Sua função é quebrar códigos e senhas do mundo todo, para que nenhuma informação escape ao governo norte-americano. O ruído do supercomputador que ocupava andares inteiros era o conforto de que nenhum código era inquebrável. Ou isso era o que pensavam.
Fortaleza Digital é o filho menos conhecido de Dan Brown, escrito antes do best-seller O Código da Vinci, mas que já trazia um dos grandes talentos do escritor: a capacidade de transformar informações desconexas e fatos históricos em uma narrativa coesa.
Em Fortaleza Digital, não temos obras de arte históricas ou o charmoso cenário europeu; temos no lugar tecnologia de ponta e curiosidades geek revelando o caminho para a brilhante protagonista. É impossível conter a sensação de estar lendo uma “Superinteressante” em forma de romance, não muito diferente do que seria feito em O Código.
O livro toca em um assunto muito atual – o conflito entre a privacidade e a segurança coletiva. Com a internet e a proliferação de câmeras de segurança é justo começarmos a se perguntar até que ponto um direito individual pode ser violado para o bem coletivo. Seria correto, por exemplo, que o governo tivesse acesso a todos os e-mails pessoais? É correto que o seu navegador de internet guarde todos os seus passos em um histórico? É difícil estabelecer limites.
É claro que Dan Brown não escreve aqui nenhum tratado social, mas sim o que ele faz de melhor- um grande suspense vertiginoso. Para tanto, os próprios personagens tem o espaço de seu desenvolvimento roubado para o bem do ritmo da narrativa. Assim, eles são todos muito simples, mas que servem bem à história. O enredo claramente vem em primeiro lugar. É interessante reparar que existem personagens reincidentes em todas suas obras, como uma bela mulher bem sucedida profissionalmente. Susan, de Fortaleza Digital, Victória Vectra, de Anjos e Demônios e Sophie Neveu de O Código da Vinci que o digam.
Não há espaço para romances das páginas alucinantes de Brown. É difícil então digerir o romance de Susan e David. O narrador limita-se a informar ao leitor que eles estão apaixonados. Nós não vemos o romance, mas somos obrigados a partir do princípio que há um. A falta de empatia pelo casal chega a comprometer o clímax, que poderia ser mais emocionante se a história dos dois fosse mais envolvente.
Resenhado por Luciana Zulpo
296 páginas. Editora Sextante.
*Título original: Digital Fortress. Publicado originalmente em 1998.
Muito legal o seu texto! Já li o livro e é realmente muito bom, assim como todos os outros do Dan Brown, como o código da vinci, anjos e demônios e o símbolo perdido.
Também já tinha lido e gostei bastante.
Imagina a rapidez que seria para descompactar um arquivo, ou fazer algum tipo de tranferência com aquele supercomputador?
Gosto muito das resenhas do Ish, mas não gosto muito dos livros de Dan B.; o estilo dele não me atrai.
Esse livro demonstra mais uma vez a genialidade do escritor, com suas histórias de polêmicas interessantes ele prende o leitor até o final !
No livro há muitos momentos de tensão…são fã de Dan Brown ! esse título em especial vale muito a pena ser lido !!
Ótima resenha !! :roll: ;)