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Ódio fraterno

“Dom Casmurro”, “Memórias Póstumas de Brás Cubas”… mesmo que você odeie Literatura (improvável para alguém que frequente o Ish, mas tudo bem), já leu esses dois clássicos de Machado de Assis. Porém, a resenha de hoje é sobre “Esaú e Jacó”, uma das últimas obras do escritor.

Leia o texto de Gabriela Alkmin e diga qual é o seu livro de Machado preferido!

“Esaú e Jacó”, de Machado de Assis

tempoTempo: para ler pouco a pouco em intervalos durante a semana
indicacaoFinalidade: para pensar
restricaoRestrição: não gosta de perder tempo com longas descrições
principioPrincípios ativos: irmãos, rivalidade, triângulo amoroso, política, história.

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Antes de seus filhos nascerem, Natividade consulta uma adivinha famosa do Rio de Janeiro para conhecer a sorte dos meninos. A perspectiva é boa, embora vaga: grandes “coisas futuras”. Entretanto, o que a preocupa é a revelação de que os gêmeos brigaram ainda no útero. Sendo verdade ou não, depois eles viriam, de fato, a discordar em tudo – a única exceção seria a mulher que os conquistou, Flora.

 

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“Esaú e Jacó” é o penúltimo romance da carreira de Machado de Assis, já em seu apogeu literário. Publicado em 1904, importantes acontecimentos históricos são aludidos no livro, que marca o período do final do Segundo Reinado até a República Velha. Muito além de ilustrá-los, o romance pontua algumas críticas à sociedade da época.

Inclusive, a primeira grande discordância entre os gêmeos se dá na política: Pedro é monarquista, Paulo é republicano. Mais do que um posicionamento ideológico, a divergência entre os dois revela algo sobre o temperamento deles: enquanto o primeiro é um conservador, o segundo é revolucionário. Curiosamente, o que deveria afastá-los é o que faz com que eles dividam algumas concordâncias: a paixão por Flora. A figura feminina, tanto na personagem de Flora quanto na imagem da mãe, Natividade, é responsável por breves momentos de trégua entre os dois.

Os perfis dos gêmeos, bem como de outros personagens, são psicologicamente traçados pelo narrador, que é o grande destaque do livro. Ambíguo, assim como o resto da obra, é difícil determinar quem ele é: a princípio, fica implícito que é um dos personagens, o Conselheiro Aires, personagem de destaque na obra; ao mesmo tempo, o narrador trata-o como personagem, analisando-o na terceira pessoa.

De toda maneira, esse narrador possui os traços característicos das outras obras de Machado de Assis: a interatividade com o leitor, inúmeras e interessantíssimas digressões, intertextualidade com diversas obras literárias, uma ironia muito rica e um olhar muito aguçado sobre a sociedade e os personagens que a compõe, sendo capaz de atingir o íntimo do comportamento humano.

Resenhado por Gabriela Alkmin

251 páginas, Editora Nova Fronteira, publicado em 2011.

*Título original: Esaú e Jacó. Publicado originalmente em 1904.

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Sobre o autor

6 Comentários

  1. Ana Sardeli

    Oh, Machado de Assis é, com certeza, um dos meus favoritos. Recomendo “O Alienista”.

  2. Rodrigo Arturo Black

    Quem quiser pode me chamar de doido, mas eu nunca gostei das obras de Machado de Assis, embora saiba que ele foi um grande escritor e que um dia vou precisar estudar seus livros.

  3. Kennedy

    “Dom Casmurro” é bom. “O Alienista” é excelente. “A Cartomante” é um conto, o qual recomendo muito, pois lê-se em apenas 20 minutos e é muito divertido.

  4. Stephanie Pradella

    Minha mãe foi ao sebo há alguns dias e me trouxe esse livro novinho em folha. Ainda não terminei de ler… Mas já li Memórias Póstumas de Brás Cubas (foi o primeiro que li de Machado de Assis) e também já li Dom Casmurro, o qual eu amo e detesto ao mesmo tempo.

    Enfim, Esaú e Jacó está sendo relativamente leve, em relação a qualquer outro do autor. Eu recomendo a quem sentiu-se tentado a se jogar da ponte levando Bentinho junto ao ler Dom Casmurro. :D

    Não vou dizer que adoro Machado de Assis. Porém, sou do tipo que não dispensa nada.

    Aliás, será que posso fazer propaganda do meu blog literário??? Não há nada de especial por lá, apenas resenhas e promoções. Nada como aqueles blogs com um diferencial e 1000 acessos por minuto. ;)
    http://o-diario-literario.blogspot.com

    Abracinho!

  5. aline

    Apesar de amar a iniciativa do Potterish em incentivar a leitura com essas maravilhosas resenhas, ODEIO Machado de Assis, acho ele um pé no saco…

    De qualquer forma parabéns pela resenha e pela intenção!

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