[Resenha] A garota que eu quero
Nota do resenhista
Cameron Wolfe está no auge de sua adolescência e tudo que ele mais deseja é uma garota para amar de verdade. Mas isso não é nada fácil, principalmente quando não há amigos e todo mundo o vê como um perdedor. Contudo, o que ele não imaginava era que a garota dos seus sonhos estava bem ali, junto ao seu irmão.
Tempo: Para ler de um tiro só no final de semana.
Finalidade: Apenas para ler uma boa história e refletir um pouco depois.
Restrição: Para quem prefere romances melosos.
Princípios ativos: Amor, família, amigos.
A garota que eu quero, por Markus Zusak.
Cameron Wolfe é um adolescente normal, talvez um pouco mais solitário. Confuso. Perdedor. Pensando bem, ele é tudo isso e muito mais em exagero. Aceitável para alguém que é o mais novo da família e vive a sombra de três irmãos: Sarah, Steve e Ruben.
“Nada vem fácil para um ser humano como eu.
Isto não é uma queixa.
É só uma verdade.”
Não que eles sejam exemplos de sucesso de vida, mas especialmente por esses dois últimos, Steve e Rube, Cameron alimenta certa admiração. Steve é o tipo de cara durão, joga futebol e trabalha num escritório, sempre na dele, rosto inexpressivo, mora há alguns quarteirões da família Wolf. Rube divide o quarto com Cameron e é o seu melhor e único amigo, sempre risonho, aparece com uma garota nova toda semana.
“O Rube nunca amou nenhuma delas.
Nunca se importou com elas.
Só as queria porque era o que vinha depois. E por que não ficar com o que vem depois, se vai ser melhor do que o que você já tem?”
Nesse ponto, eles são bem diferentes. Apesar dos desejos e pensamentos pervertidos, Cam daria tudo por uma garota para amar de verdade, tratá-la bem. Alguém como Octavia, a namorada de Rube. Além de bonita, com seu sorriso de dentes perfeitos e olhos verde-mar, ela é uma das poucas namoradas do irmão que não o vê como um “zé ninguém”.
O fato é que depois de algumas semanas, o relacionamento entre Rube e Octavia está acabado e um sentimento vem colocar à prova a lealdade entre Cam e seu irmão. Cam está apaixonado por Octavia. E ela o vê bem mais do que como um perdedor.
“Tudo bem se eu não a conquistasse com histórias ou elogios ou qualquer outra coisa que dissesse só para dizer alguma coisa. Ela apenas caminhou e sorriu, mais contente no silêncio.”
Mas, afinal, o que alguém como Cameron – que nunca sequer tocou uma garota – poderia oferecer a Octavia?
“Eu tinha palavras.
Eu tinha Octavia.”
Palavras. Era isso que Cam tinha a oferecer. Palavras e fome. O mais puro sentimento transcrito em pedaços de papel após cada encontro. Muito mais do que Octavia recebeu em toda sua vida. Palavras que iriam transformar Octavia, os Wolfs e principalmente Cameron.
“Tenho uma fome enorme de ser alguma coisa, de ser alguém. Não vou me rebaixar nunca. Não diante de você. Nem de ninguém.”
“A garota que eu quero” é um romance nada meloso, daqueles que só Markus Zusak sabe fazer. Os personagens em certos momentos chegam a ser rudes, o ambiente, suburbano, a vida, pacata, mas que escondem nas expressões cansadas belas histórias. A leitura é bastante fácil e nada cansativa. O livro é pequeno, com poucas páginas, portanto, não espere uma história complexa. É apenas uma história que precisou ser contada e vale a pena ser lida.
Resenhado por [Rafael Duarte]
175 páginas, Editora Intrínseca, publicado em 2013.
*Título Original: Gettig The Girl.
A pesar de não se um gênero literário que eu goste tanto me interessei bastante pela premissa. Ótima resenha!