A frustração da criação
Sabe aquela sensação de criar algo que vem do fundo da sua alma, que você acha que diz tudo sobre o que você pensa sobre a vida e sobre si mesmo? E quando tudo isso não parece suficiente ou não é visto pelos outros como algo importante?
Com profundos sentimentos e viagens na mente dos personagens, “A Gaivota” é um clássico que lida com nossa vontade de se provar para o mundo e como lidar com o fato de que ele nem sempre responde como desejamos. Leia a resenha de Gabriela Alkmin e deixe um comentário!
“A Gaivota”, de Anton Tchekov
Tempo: para ler de um tiro só no final de semana | |
Finalidade: para pensar | |
Restrição: para quem tem dificuldade com pontos de vista alternativos | |
Princípios ativos: teatro, amor, frustração, arte, incomunicabilidade. |
Trepliov é um jovem aspirante a escritor em busca de novas formas para a arte. Com autoestima baixa, ele vive uma relação conturbada com a mãe, Arkádina, uma famosa atriz russa. Ao apresentar sua peça de teatro em casa a uma pequena platéia, que inclui a mãe, Trepliov sofre uma dupla decepção: a peça é mal recebida e, ao mesmo tempo, ele perde o seu amor, a jovem atriz Nina, para um famoso escritor, Trigórin, amante de sua mãe.
“A Gaivota” é uma comédia de quatro atos escrita pelo famoso dramaturgo russo Anton Tchekhov. Apresentada pela primeira vez em 1896, a peça só obteve sucesso na sua segunda montagem, no Teatro de Arte de Moscou, com o ator e diretor Konstantin Stanislavski.
Metalingüística, a obra aborda o teatro dentro do teatro. Além da própria peça de Trepliov que é apresentada no primeiro ato, há uma discussão sobre a arte e o artista que permeia toda a obra. As formas velhas, representadas pelo teatro realista de Arkádina, são colocadas em confronto com as formas novas, que Trepliov busca em seu teatro simbolista. O papel do artista também é discutido através dos escritores Trepliov e Trigórin e das atrizes Arkádina e Nina.
Outro tema importante são as desilusões sofridas pelas personagens que são expostas através das conversas cotidianas: os amores não-correspondidos de Polina e Macha, mãe e filha, os sonhos frustrados do velho Sórin, os sofrimentos do jovem Trepliov. As passagens são marcadas também pela ambigüidade das personagens e dos seus relacionamentos: Arkádina é uma atriz talentosa e sensível, mas avarenta e vaidosa, ama o filho Trepliov, que também a ama, mas, devidos às suas diferenças, estão em constante embate.
O enredo da peça é muito diferente daqueles com os quais o público estava acostumado: não há vilões nem heróis, tampouco grandes acontecimentos. Aparentemente sem conflitos, a tensão de “A Gaivota” está em tudo aquilo que não é dito. Através de diálogos aparentemente banais, a psique de cada personagem é revelada. Por meio de personagens brilhantemente construídas, Tchekhov apresenta um retrato da Rússia decadente do final do século XIX.
Resenhado por Gabriela Alkmin
124 páginas, Editora CosakNaify, publicado em 2004.
*Título Original: The Seagull. Publicado originalmente em 1896.
Acho interessante a exploração da ambiguidade humana, essa sim é a verdadeira vilã da vida real; sempre que o homem decide explorar a si mesmo, ele descobre que vilão e heroi são os dois polos de uma mesma pessoa e isso está presente em todos nós.
Não li esse livro, mas a resenha me despertou a curiosidade!
jurei que era livro do Dawkins… rs
pS: por causa do título
Eu também :!:
Poderia jurar que era o novo livro do Dawkins…